Nóis não veio do luxo.
Veio do concreto rachado.
Do silêncio que grita.
Da fome que rima.
E se hoje tem voz…

É porque a Favela é Verso.

Meu corre começa antes da escola
Quando a sirene toca e a mãe me consola
A cidade acorda no terno e café
Eu acordo no aperto, na fé e no “se der”

No frio da laje, sem janela pro sol
O tênis furado é meu próprio lençol
Mas a rima me veste, a rima me guia
Minha quebrada respira a minha poesia

Cada palavra, um muro pichado
Cada linha, um futuro adiado
Mas eu escrevo, mesmo sem espaço
Porque onde tem dor… eu deixo um traço.

Favela é verso, não cala, não cansa
Rima na bala, no prato, na esperança
Favela é verso, é grito e é oração
Escreve no chão, quando não tem mão

Favela é verso, é voz que resiste
Se o mundo insiste, a gente persiste
Favela é verso, é alma e é nós
Porque ninguém nunca falou por “nóis”!

Se a mídia não mostra, minha letra revela
A luz que cortaram, o sonho na janela
O banho de caneca, o rango contado
A arte que nasce do chão rachado

Não tem cenário, tem nóis e coragem
Tem rima no skate, no passinho, na laje
Somos mais que número, mais que manchete
Somos o verso que nunca se repete

E se me perguntam de onde eu sou
Eu digo com peito:
Da laje que rimou.

Favela é verso, não cala, não cansa
Rima na bala, no prato, na esperança
Favela é verso, é grito e é oração
Escreve no chão, quando não tem mão

Favela é verso, é voz que resiste
Se o mundo insiste, a gente persiste
Favela é verso, é alma e é nós
Porque ninguém nunca falou por “nóis”!

Se nóis sangra, é vermelho poesia
Se nóis chora, é com melodia
Se nóis vive, é progresso em dor
Porque até no silêncio…

A favela é verso.

© 2025 Favela é Verso / Magnetar Sounds

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